A Raça Holandesa, conhecida como a maior produtora de leite.
A raça Holandesa, de origem europeia, é conhecida como a maior produtora de leite. Em virtude dessa característica e por seus longos períodos de lactação, a raça tem uma demanda crescente em todo o mundo.
O gado holandês é um gado pesado, de grande porte e com uma ampla caixa óssea. Suas características físicas englobam uma parte fronto nasal estreita e um pouco alongada. A cabeça apresenta uma parte superior ampla, olhos grandes e escuros e órbitas salientes. Os chifres ficam para frente e têm as pontas escuras. O focinho e a cavidade bucal são amplos, a é mucosa escura e as narinas são dilatadas.
Quanto à pelagem, esta pode apresentar-se preta e branca ou vermelha e branca. Sua pele é espessa. O úbere da vaca holandesa possui grande capacidade e boa formação, sendo que as novilhas podem ter a primeira cria por volta dos dois anos de idade, e os bezerros nascem com 38 kg em média. Já o peso dos touros desta raça varia em torno de 900 kg a 1000 kg e as vacas têm um peso médio de 550 kg a 600 kg.
No que diz respeito ao seu traço mais importante, a produção de leite, ela lidera os mais diversos rankings, podendo atingir mais de 50 litros de leite em um mesmo dia, em cerca de 3 ou 4 tiradas, sendo que seu leite apresenta pouca gordura.
Por ser universalmente conhecida como a maior produtora de leite, os produtores dessa raça devem ter uma constante preocupação com as questões zootécnicas, no que diz respeito à saúde, resistência e conformação, que podem vir a afetar negativamente a lucratividade vitalícia da vaca leiteira holandesa. Sendo assim, é imprescindível que a vaca permaneça o menor tempo possível no rebanho para se alcançar o retorno econômico desejado.
Outro ponto que merece destaque é o melhoramento que a raça vem alcançando no quesito volume (ou quilogramas) em componentes de gordura e proteína. Embora a raça Holandesa seja associada exclusivamente à produção de leite com os mais baixos teores de gordura e de proteína, é importante ser levado em consideração que a indústria busca volumes de componentes e não seus percentuais.
Origem da Raça Holandesa
Ainda não não há um acordo sobre a origem da raça Holandesa, ao que tudo indica, foi domesticada há 2.000 anos nas terras planas e pantanosas da Holanda setentrional e da Frísia (Países Baixos) e também na Frísia Oriental (Alemanha). Prescott (1930) acha que o gado veio da Lombardia, seguindo o curso do rio Ródano, em mãos das tribos frísias e batavas. Eram animais de origem grega, de acordo com ilustrações antigas. Com a construção de diques e um programa de resgate de terras, desde o século XV em diante, aumentaram as possibilidades de produção de forragens. Daí para a frente, o gado iria se multiplicar aceleradamente Concretamente, sabe-se que vários mercados de bovinos foram estabelecidos entre 1200 e 1500 d.C. Em 1.624 foram introduzidos 12.000 bovinos da Dinamarca, na região holandesa.
Ficou registrado, também que, por volta de 1600, cerca de 100.000 animais eram normalmente reexportados depois da engorda, e eram provenientes da Dinamarca, Suécia e Schleswing-Holstein. As tragédias nas regiões baixas, todavia, quebram constantemente a história, pois milhares de homens e bovinos morriam nas inundações que se sucediam deste 810 ou pelas epidemia. A grande epidemia de 1170 liquidou centenas de milhares de cabeças; a de 1714 liquidou 300.000 cabeças de gado. Em 1744, novamente dois terços do gado desapareceram.
A peste de 1768 – 1782 destruiu 396.000 cabeças das províncias. Pode-se afirmar que, no final do século XVIII, quase todo gado antigo havia sido destruído. As Pinturas realizadas entre 1500 e 1700 mostram apenas gado pardo ou vermelho mas nada de branco e preto – como resultado das sucessivas tragédias ! Berkhey, escrevendo nos anos seguintes da peste, menciona a importação de grande número de bovinos brancos e negros ou quase negro manchado. Assim, pode-se supor que o gado moderno dos Países Baixos teve início na Segunda metade do século XVIII. No final do século XIX o gado ainda não estava dividido em raças, sobressaindo-se o gado importado da Alemanha e da Dinamarca. Buscando melhorar a produtividade leiteira, aumentaram-se as importações da Inglaterra, Europa continental, América do Norte, Índia, África do Sul, Australásia, etc.
Na Segunda metade do século XIX a mescla desses gados já tinha endereço fixo, começando então um amplo trabalho de melhoramento. Em 1882 foi fundada a Sociedade de Livro Genealógico dos Países Baixos, substituindo os dois anteriormente fundados em 1873 (Netherlands Herd-Book) e 1879 (Friesland Herd-Book). Registrava o gado negro malhado, o vermelho malhado ou de outras colorações. Hoje, são muito poucos os animais malhados de vermelho, sendo a quase totalidade formada de gado preto e branco.
características raciais da Raça Holandesa
Pelagem: da variedade Frísia é malhada de branco e preto, com separação nítida entre as duas cores, sendo que em alguns animais predomina a cor preta e em outros, a branca. Já na variedade Mosa, Reno e Yessel a pelagem é vermelha e branca, com predominância da cor vermelha no pescoço e cauda, e da cor branca no ventre, úbere e vassoura da cauda.
Cabeça: cabeça mediana, larga e perfil subcôncavo, sendo mais comprida e mais estreita nas fêmeas; olhos são grandes e salientes; orelhas médias e finas, mandíbulas fortes, chifres brancos dirigidos para cima e para baixo.
Pescoço: longo e delgado se juntando suavemente na linha superior do ombro, sendo comprido e delicado nas fêmeas e musculoso e vigoroso nos machos.
Corpo: bastante desenvolvido, comprido e largo; costelas arqueadas e compridas; dorso largo e reto; garupa curta e ancas largas; nádegas arredondadas e cauda curta e bem inserida; úbere simétrico, bem desenvolvido com irrigação sangüínea abundante e coberto por pele macia; as tetas são separadas e de bom tamanho.
Limitações da Raça Holandesa
O tamanho atual de uma típica vaca Holandesa é considerado excessivo por muitos. Vacas demasiadamente grandes apresentam de fato maiores exigências energéticas de mantença e, portanto precisam ter altos consumos de alimentos para atender esta alta demanda. Vacas demasiadamente grandes não produzem mais leite do que vacas medianas. E por outro lado, estas vacas excessivamente grandes apresentam longevidade 15% inferior às vacas medianas.
Para os (poucos) criadores que têm uma fatia significativa de sua receita oriunda da comercialização de animais e dependem de participações em exposições e leilões, há suficiente variabilidade na raça Holandesa para escolher indivíduos com avaliações genéticas positivas para tipo e características corporais. Mas para o produtor que basicamente depende da comercialização de leite, as características de conformação que deveriam receber maior ênfase são as de sistema mamário e pernas & pés. Para este produtor “comercial” vacas Holandesas de porte médio, com 625 kg PV são mais eficientes e lucrativas.
Criadores e técnicos da raça Holandesa devem ter uma preocupação crescente com o aumento nas incidências de distocia e de natimortos em rebanhos especializados. Natimortos são os bezerros que nascem mortos ou que morrem poucos minutos após o nascimento. A meta é limitar esta proporção de natimortos em 4%. Sabemos que a incidência de natimortos é particularmente alta em partos distócicos e em novilhas de primeira cria que não receberam a devida atenção no período pré-parto.
Segundo dados recentemente publicados (março de 2007) pelo Laboratório de Melhoramento Animal do USDA, a raça Holandesa tem as maiores taxas de partos distócicos (ou dificuldade de parto) entre novilhas de primeira cria: 7,9%, em relação as primíparas Pardo-Suíço e Jersey, com 4,7 e 0,8%, respectivamente.
A raça Holandesa tem que continuar a se preocupar com características de saúde, resistência e conformação que afetam a lucratividade vitalícia da vaca leiteira. É evidente que para dar retorno econômico a um produtor exige-se que esta vaca permaneça um tempo mínimo no rebanho.
O tempo entre o nascimento e o primeiro parto é um longo período, onde os animais ainda não entraram na sua vida produtiva e, portanto, não estão gerando receitas. Considerando o fato que muitas vacas leiteiras somente completam três ou menos lactações na sua vida produtiva, muitos animais passam praticamente metade das suas vidas como novilhas!
Um dos parâmetros mais aceitos na avaliação de longevidade é a chamada “vida produtiva em meses”; hoje nos EUA uma vaca Holandesa tem em média somente 28,2 meses de vida produtiva. Como uma novilha tem idade média a primeira parição de 26,8 meses, podemos afirmar que a idade média que a vaca é descartada nos EUA é 55 meses (ou 4,5 anos). Este dado impressiona porque mostra que hoje a pressão e o estresse associado às altas produções são tão grandes, que a maioria das vacas não tem a oportunidade de alcançar a idade de máxima produtividade, 6-7 anos, segundo referências clássicas.
Mas há diferenças entre raças na longevidade dos rebanhos? Parece que sim: hoje nos EUA vacas Jersey e Pardo-Suíço permanecem no rebanho 35,0 e 31,6 meses, respectivamente, em contraste com os 28,2 meses da vaca Holandesa (Cassell, 2006). Ainda não foi determinado se esta menor longevidade da raça Holandesa é um “preço” a ser pago pelas altas produções ou se a vaca Holandesa é intrinsecamente mais frágil ou menos robusta que as outras raças.
Por que vacas leiteiras deixam os rebanhos? Segundo dados de outros países (Figura 2), a maioria das vacas é descartada por três principais razões: baixa produção de leite (descarte voluntário), problemas reprodutivos e mastite/problemas de úbere.
Em uma pesquisa recente com 20 grandes rebanhos confinados norte-americanos determinou-se uma média de 8% na taxa de mortalidade anual, com uma variação entre rebanhos de 3,5 a 16,8% (Stone et al., 2006). Esta é uma outra área que criadores e produtores comerciais de gado Holandês, particularmente em sistemas de produção mais intensivos, têm que começar a se preocupar. A meta para rebanhos confinados são taxas inferiores a 4%.
Outro fato que tem gerado preocupação, particularmente em rebanhos de maior produtividade, é a queda da eficiência reprodutiva de rebanhos leiteiros.
Nas décadas de 50 e 60, taxas de concepção estavam em torno de 60 a 65%. Hoje, 50 anos mais tarde, muitos rebanhos se dão por satisfeitos se alcançam taxas de concepção de 30-35%. Aqui no Paraná, chegamos ao ponto que alguns rebanhos leiteiros de alta produção já nem estão tentando re-inseminar as vacas antes dos 150 dias pós-parto. Estes (ainda poucos) rebanhos constataram que em rebanhos de alta persistência e com somatotropina bovina é mais lucrativo um intervalo entre partos de 15 meses (ao invés dos tradicionais 12-13 meses).
Em grande parte, esta queda do desempenho reprodutivo pode ser atribuída às maiores produções de leite: vacas de alta produção têm menores taxas de concepção, maior perda de prenhez, maior taxa de múltipla ovulação e redução do estro comportamental (Wiltbank et al., 2006).